terça-feira, 26 de março de 2013

CASA DE REPOUSO

Você seria capaz de colocar um ente querido: pai, irmão, mãe, tio, em uma casa de repouso, para ficar sob os cuidados de terceiros desconhecidos?

Alguns anos atrás, eu diria que não.

Que seria um absurdo isto. Um despropósito ou uma falta de consideração.

Passado alguns anos, comecei a trabalhar na cooperativa que participo, com o segmento de home care.

Ou seja, atendimento domiciliar.

Comecei a enxergar as dificuldades de manter-se em casa, um ente querido doente.

O que poderia ser uma criança, um jovem ou mesmo um idoso.

Pude conhecer a complexidade dos cuidados médicos ou técnicos, que se apresentaram como verdadeiros desafios, não só para os auxiliares que mandávamos, bem como para os parentes próximos.

Aqueles que residiam normalmente nas residências, onde estes ficavam.

Percebi a dor de muitas mães, vendo seus filhos acamados, e constrangimento de muitas famílias, que, para seus entes queridos terem um apoio técnico ideal, muitas vezes sacrificavam suas privacidades, pois, todos os dias, os profissionais de enfermagem convivem e se relacionam também com os demais familiares, e não só com os doentes.

O que é uma coisa normal.

Mas, qual a razão de estar escrevendo isto agora?

Comprei uma casa de repouso em SBC, para idosos.

Estaria eu querendo fazer propaganda dela?

Sem falsidade, Sim.

Mas, (e em tudo na nossa vida sempre aparece o MAS,) a aquisição deste tipo de negócio, dentro do perfil meu e do meu sócio enfermeiro, de tentar fazer sempre o melhor, nos deu a condição de olhar o lado do sofrimento dos idosos, que em muitos casos são afastados de suas casas, por mera comodidades do parentes.

Mas, (ele outra vez ai), também descobrimos um universo novo, onde existe a real necessidade de encaminhar estes idosos, em uma instituição, que possa cuidar deles, com zelo, e competência técnica.

Várias são as situações, que levam uma família a colocar seu ente querido em uma casa de repouso.

Principalmente pela incapacidade de cuidar dele em casa, muitas vezes aliada a falta de condição financeira para isto.

Vocês pensam que para cuidar de um idoso doente, 24 horas por dia é barato?

Engano, de quem pensa assim.

Não sai por menos de sete mil reais, (a não ser que tenha convênio médico), além do custo da alimentação do mesmo, dieta, medicamentos e etc.....

Conversando outro dia com um psicólogo amigo meu, que também é espírita, perguntei a ele, do lado espiritual, como fica a situação de enviar os entes queridos para serem tratados em uma casa de repouso.

Segundo ele, a quem credito enorme conhecimento, honestidade pessoal e profissional, o grande problema não é levar o idoso para uma casa desta, mas sim o porque levar e como vamos continuar dando apoio e marcando presença, solidarizando-se com ele e, principalmente, nunca abandonando-o.

Hoje se sabe, que, pacientes com alzaimer, avc crônico, demência e tantas outras doenças que afetam estas pessoas, não se conseguem resultados satisfatórios de tratamento, senão estiverem em uma instituição séria.

Muitos destes idosos, não tem mais consciência do que estão fazendo, podendo gerar enorme desconforto para todos, com atitudes grosseiras, no relacionamento com outras pessoas.

Não se trata de fugir do contato da dor e da doença, mas sim propiciar a que muitas pessoas possam ter, na ocasião que encontram sua saúde debilitada, um tratamento digno.

Tenho uma senhora na nossa casa, que visita todos os dias sua mãe, que tem parkison e que vive acamada ou em uma cadeira de rodas.

É impressionante a alegria desta mãe, quando a filha vêem.

Ou as manifestações de diversos pacientes, quando recebem visitas de seus parentes nos finais de semana.

Não posso negar , que sou privilegiado em comprar um negócio neste ramo, e já poder contar com auxiliares e técnicos, que além de serem pessoas boas, também praticam com muita competência seus trabalhos.

E digo mais. Vão além de suas obrigações, pois colocam amor ao idoso, respeitando a condição de cada um.

Realmente é um privilégio.

Outro dia soube, que, uma das auxiliares, preocupada com uma senhora acamada, que todos os dias acordava gritando de noite com pesadelo, que resolveu, como forma de expressar sua preocupação e carinho para ela, rezar ao seu lado.

Sim, rezar ao lado dela.

Independente de sua religião não ser a mesma da paciente, esta sua atitude, aos poucos, está aliviando um coração sofrido e doente, dando-lhe paz, para poder dormir em paz.

É uma atitude simples, mas que revela a generosidade do coração desta auxiliar.

E, como ela, tenho vários corações amorosos, que com atitudes espontâneas, muitas vezes, tratam o idoso doente, com mais respeito e consideração, do que muitos familiares.

Sou abençoado por DEUS ter me dado esta oportunidade, a qual tentarei aproveitar para apreender sobre a solidariedade e o verdadeiro amor.

Outro dia, só para completar, uma senhora manifestou desejo de trazer seu pai.

Quase oitenta anos, diabéticos, com partes dos pés já mutilados, e com grau de demência acentuada.

Quando lhe perguntei as razões porque gostaria de trazê-lo, sua resposta foi surpreendente.

Tive que escolher, entre ele ou minha mãe.

Que doente do coração, não consegue mais vê-lo deste jeito, e, acredito que, a convivência dele, com outras pessoas, de idades bem próximas e doenças também graves, fará bem a ele.

POIS ELE ENCONTRARÁ O SENTIDO DE SOCIABILIDADE.

Tenha todos um bom dia.

Nestor

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