quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

RELIGIÃO E CIÊNCIA

Palestra data no centro João Ramalho, São Bernardo do Campo, no dia 15 de janeiro às 19 horas.


Para que possamos começar a falar sobre este assunto, explicando a ligação que deve existir entre a religião e a ciência, é necessário que primeiro, explicamos o que podemos considerar efetivamente como sendo a religião, e, logicamente, dentro de nossa casa espírita, como conceituar a nossa doutrina.


Importante inicialmente frisarmos, que o Espiritismos não é uma religião como se entende popularmente, ou seja: O Espiritismo não é um religião dogmática, ritualística ou de praticas exteriores.


Para falar sobre este assunto, tomei como fonte de pesquisa, além do evangelho segundo o espiritismo, também colocações de Alan Kardec, Divaldo Franco, Carlos Bacelli, Carlos Augusto Parchen, entre outros.

Primeiro passo para podermos explanar sobre este assunto, se faz necessário demonstrar o que se entende tradicionalmente como religião.

Um dos mais famosos dicionários, Aurélio assim a descreve:


Religião [do latim religare - religione] –Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada(s) como criadora(s) do Universo, e que como tal deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s).

2. A manifestação de tal crença por meio de doutrina e rituais próprios, que envolvem, em geral, preceitos éticos.

3. Virtude do homem que presta a Deus o culto que lhe é devido.

4. Reverência às coisas sagradas.

5. Crença fervorosa; devoção, piedade.


Vamos agora diferenciar religião de outros aspectos.
:

Igreja

1. Templo Cristão.
2. Autoridade eclesiática.
3. O conjunto de fiéis ligados pela mesma fé e sujeitos aos mesmos chefes espirituais.


Seita [do latim secta] –

1. Doutrina ou sistema que diverge da opinião geral e é seguido por muitos.
2. Conjunto de indivíduos que professam a mesma doutrina.


Templo [do latim templu] –

1. Edifício público destinado ao culto religioso.
2. Igreja.

Conclui ele:
Religião, deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação" com o divino. Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo Metafísico, ou seja, de além do mundo físico. Seita, derivado da palavra latina "Secta", nada mais é do que um segmento minoritário que se diferencia das crenças majoritárias, mas como tal também é religião.

Mas o que nos diz Allan Kardec:

- Allan Kardec cuidou para que ficasse bem claro o que diferencia a religião tradicional, ortodoxa e convencional:


Num discurso proferido na Sociedade Espírita Parisiense - registrado na Revista Espírita, 1868- Kardec coloca o tema: “Espiritismo é uma Religião?”

“É sim, senhores, sem dúvida uma religião e disso nos honramos, pois é a doutrina que funda os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não em uma simples convenção, mas sobre a mais sólida das bases; as próprias Leis da Natureza.

Mas Por que alguns declaram que o Espiritismo não é uma religião?


Porque não há uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, porque na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem.

“Se o Espiritismo se dissesse uma religião o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública.


Continua Kardec: “Eis porque simplesmente se diz: que o espiritismo é uma doutrina filosófica e moral. ”


Conclui ele: Para nós, espíritas, religião significa ligação com Deus, respeitando suas Leis que Jesus nos ensinou.


E sobre o termo religiosidade: Emmanuel

“Na Doutrina Espírita, a Filosofia reflexiona, a Ciência indaga, o Evangelho ilumina.

A Filosofia e a Ciência são os meios, o Evangelho é o fim.

”Apesar de algumas opiniões contrárias, o Espiritismo é o “Cristianismo Redivivo”.


O Cristo encarnou no Planeta em momento que julgou oportuno para dar continuidade as Leis Mosaicas e trazer a “Boa Nova”.


Sua vinda foi amplamente anunciada por Isaias, Miquéias e Jeremias;


Zacarias anunciava a “vinda de um rei, mas que será humilde e pacífico”.


Jesus veio, pregou, exemplificou e afirmou “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; Ninguém vai ao Pai, se não por mim. ”


Kardec indaga aos Espíritos, na questão 625, do O Livro dos Espíritos: “Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?,

a resposta:“Jesus.”

Devemos, portanto, seguir seu exemplo vivendo dentro de um comportamento ético moral; procurando “Amar o próximo como a nós mesmos” e para isso é necessário eliminar todo sentimento de ódio, compreender e perdoar, esta é a maneira de vivermos uma religião de amor, vivermos com religiosidade.


Allan Kardec na Obras Básicas ele registra:

“O Que é o Espiritismo?”, afirma que: “...


O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações...”.



Ainda segundo Kardec, na mesma obra: “...O Espiritismo, sendo independente de toda forma de culto, não prescreve (não se origina) nenhum deles, e não se ocupa de dogmas particulares, não é uma religião especial, porque não tem nem seus sacerdotes e nem seus templos...”.


Kardec complementa: “... Eis porque sem ser, em si mesmo, uma religião, ele (o Espiritismo) leva essencialmente às idéias religiosas, as desenvolve naqueles que não as têm e as fortifica naqueles em que elas são hesitantes...”.


No livro “Obras Póstumas”, Kardec afirma: “...O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos ... Não é uma religião constituida, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que entre seus adeptos, nenhum recebeu o título de sacerdote ...”.


Na “Revista Espírita” de 1/11/1868, Vol.11, Kardec, afirma: “...

No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos ufanamos disso, porque ele é a Doutrina que funda os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as mais sólidas bases: as leis da Natureza.


Por que então alguns declaram que o Espiritismo não é uma religião?

Por isso: só temos uma palavra para exprimir duas idéias diferentes e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da idéia de culto; revela exclusivamente uma idéia de forma e o Espiritismo não é isso...”.


Registro uma bela contribuição sobre este assunto de Herculano Pires:


“... Conclui-se destas passagens que, para Allan Kardec, o Espiritismo é uma doutrina científica e filosófica de conseqüências morais, e deixa o título de religião para os cultos dogmáticos, com hierarquia sacerdotal e templos instalados para a adoração, mas reconhece, num sentido filosófico, que o Espiritismo é religião, porque de uma certa forma a religião serve de laço que une as pessoas, em uma ‘comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças’...”.


Allan Kardec: Na Revista Espírita, de 1868, coloca ainda, que: “..

Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças...”.


Na obra “O Céu e o Inferno”, Kardec afirma: “... se a religião, apropriada em começo aos conhecimentos limitados do homem, tivesse acompanhado sempre o movimento progressivo do Espírito humano, não haveria incrédulos, porque está na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades intelectuais ...


”.Ainda em “Obras Póstumas”, encontra-se a seguinte afirmação de Allan Kardec:

“...O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a para os seus adeptos, do mesmo modo que para toda a gente. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade. Da liberdade de consciência decorre o direito de livre exame em matéria de fé. O Espiritismo combate a fé cega, porque ela impõe ao homem que abdique da sua própria razão; considera sem raiz toda fé imposta, donde o inscrever entre suas máximas: Não é inabalável, senão a fé que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da Humanidade...”.

(ciência busca sempre a razão para aceitar uma idéia)


“... Desse modo, concluiu-se que a Doutrina Espírita convida-nos para uma evolução da idéia do sentido religioso, ao propor o conceito interno, elaborado e vivenciado na intimidade da alma do homem, ‘em espírito e verdade’, como ensinou Jesus...”.


Das colocações anteriormente levantadas, temos bases para as seguintes propositivas:


a) a “religião espírita” é uma religião natural, baseada na fé raciocinada, sem dogmas, sem templos, sem sacerdotes, sem hierarquia eclesiástica, sem rituais. Não é Igreja, não é Seita.


b) a “religião espírita” é a da obra Deus, onde o ser (espírito) se reconhece como criatura divina, em igualdade com toda a criação universal.


c) a “religião espírita” é a da efetiva busca da ligação com Deus, pelo Amor e pelo Respeito às Leis Universais.


d) a “religião espírita” é a da busca individual do aperfeiçoamento e da evolução, pela compreensão de nosso papel na natureza e no destino do Universo.


e) a “religião espírita” é a da busca da harmonia, em todos os seus aspectos, baseada no equilíbrio, no respeito, na ética, no bem e na caridade.


f) a “religião espírita” é a do Livre Arbítrio, sem imposições, sem castigos, sem temores, sem inferno e sem céu, mas com responsabilidade proporcional, refletida na Lei de Causa e Efeito.


g) a “religião espírita” é aquela em que o “templo” é o universo, o “altar” é a vida de relação e a “oração” é o viver em harmonia com a Lei de Deus, em todos os atos da vida diária.


h) a “religião espírita” é aquela em que o “Reino de Deus” deve ser construído em nosso interior, pela compreensão da Lei Maior,(a lei do amor) pelo pensamento elevado, pela atitude firme no caminho do bem, pela construção diária da evolução e do aperfeiçoamento pessoal


.i) a “religião espírita” é aquela da educação, do aprendizado, da busca da verdade, do “amai-vos e instruí-vos”


j) A “religião espírita” é aquela do equilíbrio entre ciência, filosofia e ética/moral, estbilizando o tripé que nos permite conhecer, inferir e amar.


l) A “religião espírita” é aquela onde trilhamos a nossa própria estrada, construíndo-a e pavimentando-a com nossos erros e nosso acertos, e isso reconhecemos como útil e necessário.


m) A “religião espírita” é aquela em que não se necessita nem mesmo ter uma religião, bastando sim amar, respeitar, compreender, ajudar, servir.


n) A “religião espírita” é aquela que nos permite reconhecer que “somos deuses”, que nos convida a utilizar esse poder divino para nossa evolução, para mudar a nós mesmo, para mudar o mundo, para construir o bem (Cristo não disse, que poderíamos fazer tudo que ele fez e mais? Mas não disse quando isto ia acontecer, pois tudo depende do nosso desenvolvimento espiritual)


o) A “religião espírita” é aquela que nos lembra que nós fomos criados para sermos felizes e nos permite estudar, compreender e vivenciar os caminhos para tal, nos dizendo que apenas nós mesmos podemos fazer isso por nós.(livre arbítrio), seja qual for o lugar onde estivermos, seja qual for a atividade que realizarmos.


No evangelho segundo espiritismo, item 8 do Cap. I – está relatado um pouco mais da aliança entre a ciência e a religião.

8. A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra, às do mundo moral. Uma não pode contradizer a outra.


Deus é o mesmo principio das duas.

Se fossem a negação uma da outra, uma necessariamente estaria em erro e a outra com a verdade, porquanto Deus não pode pretender a destruição de sua própria obra.

Os ensinamentos do Cristo têm de ser completados.

Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso.

Juntas, terão enorme poder, porque estarão de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos.

Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço, é o conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo.

Leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres.

Havendo esta sintonia entre a religião e a ciência, o evangelho nos diz:


nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na fé: vencido foi o materialismo.


Mas nem todas as pessoas aceitaram facilmente estas modificações. Estas serão literalmente arrastadas pelo movimento geral. Se resistirem serão esmagadas.

Esta revolução espiritual, durou mais de dezoito séculos e venho para marcar uma nova era na vida da humanidade.

Fáceis são de prever as conseqüências: acarretará para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos desígnios de Deus e derivam da lei do progresso, que é lei de Deus.


Concluindo, graças ao entendimento atual e progressivo do espiritismo e da ciência, muitos progressos foram alcançados.


Se de um lado os aspectos morais não avançaram na mesma proporção que a ciência teve, do outro é inegável, que sem este aspecto, a própria ciência não sobreviverá.

Um depende do outro.

Não que não que não houve progresso moral.

Se pegarmos os fatos históricos, remontaremos em um passado não muito distante, que o ser humano, principalmente o de cor negra, é apenas uma mercadoria.

E, que o homem branco, principalmente os senhores feudais, podiam abusar, destratar, ofender, machucar e até vender um ser humano, sem serem considerados imorais ou ilegais.

Vários outros preconceitos foram extintos, dando demonstrações do nosso crescimento moral, mesmo que lento.

Podemos citar entre estas questões, o trato para as mulheres, que durante muitos séculos, tinham a função apenas de cuidar da casa, gerar filhos e dar prazer aos seus maridos.

Ainda, em alguns países, elas ainda não são valorizadas (Egito) , sendo em alguns casos moeda de troca. (dote)


Do outro lado, a ciência, neste mesmo período teve uma evolução gigantesca.

Quem poderia imaginar, que à 60 anos atrás iríamos ter a tecnologia que hoje temos?


Computadores, celulares, ipodes, televisões de lcd, carros que estacionam sozinhos e etc...


Mas mesmo com todo este crescimento, a ciência é vazia, senão acreditar que todo este processo faz parte das leis de DEUS e a ele se deve dar a maior responsabilidade para este desenvolvimento.


Acreditando desta forma, as evoluções da ciência, devem ser encaradas por todos os religiosos, como uma forma da manifestação de DEUS através da humanidade e que não ferem sua lei maior.


Às vezes é difícil aceitar esta colocação, principalmente quando pensamos em toda forma artificial de geração de vida.


Bebê de proveta
Clonagen
Insiminação artificial


Chico fala sobre este assunto, quando menciona, através de Emanuel, que um dia a ciência irá criar um útero grande, criando condições de gerar filhos e a mulher poderá optar por livra-se das dores do parto.

Acabará o sofrimento dos partos, as mortes pela dificuldade de geração da criança em muitas situações e principalmente, propiciará aquelas mulheres que não têm condições de gerar filhos, a possibilidade de serem mães.

E, ele complementa falando sobre este assunto, mencionando, que nada se perderá sob o aspecto afetivo, pois o amor, manifesto através do desejo do casal de criar possibilidades de geração da criança, bem como apoio, carinho e atenção, depois que a mesma nasce, é que será fundamental para que este ser seja feliz e possa cumprir o seu papel na terra.

Já a ciência tem dado provas, que entende hoje, que o ser humano não se restringe mais somente ao seu corpo.

Tem levado em conta o aspecto espiritual, a presença da alma.

Haja visto o pensamento da maioria dos médicos, que procuram tratar as doenças, olhando o ser humano como um todo.

Antes se ia a um destes profissionais e o mesmo analisava somente sobre o aspecto físico. Hoje não.
(livro da Cristiana Cairo – linguagem do corpo)

A ciência ajudará, enfim, a mostrar que o espiritismo é uma religião evolutiva ideal.

Importante frisar, que tudo caminha, como sempre, dentro das leis da natureza.

Cujo mentor é DEUS.

Qualquer que sejam os avanços, por qualquer lado que venha, é DEUS o único merecedor deste crédito.

Nós seres humanos, somos apenas os condutores, intermediários, para levar os avanços da medicina, a boa nova do evangelho.

O progresso gradual, faz parte da natureza de DEUS, que a tudo dá, desde que se esforcem para conseguir.


Nestor

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